É CAMPEÃO: DENTES DISTINGUEM VENCEDORES
Mais de 11 mil atletas de 200 países competem na primeira edição dos Jogos Olímpicos da América do Sul. Super-homens e supermulheres prontinhos para disputar o lugar mais alto do pódio em uma das 32 arenas espalhadas pelo Rio de Janeiro. Mas, quem vê o desempenho desses atletas quase nunca imagina o que pode unir lutadores, ciclistas, jogadores, ginastas, boxeadores e lutadores, que se rivalizam durante toda a temporada. Por trás do espetáculo olímpico, atletas precisam garantir vitórias, conquistar medalhas e manter a saúde bucal em dia para assegurar um melhor rendimento durante competições. Pódio e saúde bucal, portanto, possuem estreita ligação.
A surpreendente relação entre dentes e medalhas não é novidade. Nos jogos de Los Angeles, em 1932, foram feitos os primeiros registros neste sentido. Hoje, a literatura cientifica já confirma uma queda de até 20% no rendimento total de um atleta respirador bucal, que tem a capacidade aeróbica reduzida, ou entre os que têm processos infecciosos, seja nos dentes ou tecidos gengivais. As bactérias circulantes no organismo devido a uma inflamação do canal dentário, por exemplo, costumam “se esconder” no corpo. Elas se alojam em grupos de fibras musculares, onde geralmente há mais colágeno, como é o caso do músculo posterior da coxa.
Já entre os esportistas que praticam modalidades de maior impacto ou contato corporal, como o boxe, judô, taekwondo, luta greco-romana, handebol e hóquei sobre grama, as chances do atleta sofrer contusões por meio de tombos, cabeçadas, socos, pontapés, choques, fraturas nasais e traumatismos crânios-fasciais podem variar entre 33% e 56%. Além de treinos e esforços exaustivos, que predispõem os atletas a estes quadros, as lesões musculares e articulares também estão associadas a quadros de bacteremias, que é a presença de bactérias na circulação sanguínea.
No Brasil, o Ministério da Saúde diz que apenas 2 em cada 10 adultos possuem gengivas sadias. Outro problema comum são as ausências dentárias, que geram perda da função mastigatória e interferem em todo processo digestivo e nutritivo. Trocando em miúdos, até uma simples dor de dente faz toda diferença e pode ser decisiva em provas, onde uma ínfima fração de segundos subtrai do atleta a tão sonhada medalha.
É nesse contexto que profissionais da Odontologia entram em campo. São cirurgiões-dentistas, endodontistas (especialistas em canais), periodontistas (especialistas em gengivas), ortodontistas (especialistas em alinhamento dentário e alterações ósseas) e traumatologistas bucomaxilofacial, empenhados em garantir o melhor rendimento dos atletas, além de promover a saúde bucal e prevenir lesões.
Para termos uma ideia do tamanho dessa responsabilidade, a American Dental Association (ADA) atesta que aproximadamente 5 milhões de dentes são lesionados por ano devido a práticas esportivas e 200 mil lesões são evitadas com o uso de protetores bucais, geralmente confeccionados em consultórios odontológicos, que moldam os dentes com total precisão e oferecem uma adaptação mais confortável.
Embora recente no Brasil, a Odontologia Desportiva – que também reúne médicos, nutricionistas, psicólogos e fonoaudiólogos – demonstra que não basta apenas um atleta nutrir paixão pelo esporte, ter disciplina e rigor para treinar, garra para competir, medalhas para colecionar, vitórias para festejar e amor pelo país a demonstrar. No pódio, saúde, vitórias e medalhas desfilam sempre juntos. Porque a qualidade da saúde bucal também distingue campeões.
Artigo publicado durante as Olímpiadas do Rio de Janeiro.